E os anseios da alma?

Lembro-me que quando criança aprendi sobre a escritura em Mateus que diz que o que buscarmos encontraremos, o que pedirmos nos será dado e ao bater será aberto. Sempre que pensava nessa escritura eu pensava a que exatamente Deus se referia e como poderiam todos os nossos pedidos serem atendidos. Pensava o que aconteceria, por exemplo, se todos pedissem para ganhar na loteria. E durante muito tempo fiquei me questionando quais seriam as condições. Seria a forma de pedir? Seria pedir a coisa certa?

Lembrei-me novamente dessa escritura. Vou compartilhar com vocês o que acredito, mas ressalto que essa é apenas minha forma de ver e diversas são as pessoas e diversas as interpretações. Hoje acredito que Deus se referia aos aspectos que vão muito além de nosso mundo material. Acredito que Ele se referia aos pedidos e anseios da alma. 

Então me perguntei: enquanto vivemos nossa vida nesse mundo, dia a dia, temos consciência do que nossa alma está pedindo?

Crescemos aprendendo a pensar racionalmente, a nos organizar no tempo e a nos comportar nesse mundo material, onde as leis da física e da sociedade imperam. Mas quantas coisas desconhecemos nos demais âmbitos da vida? O que sabemos sobre energia e espiritualidade? E o que sabemos sobre nossa própria essência nesses outros mundos? Quanto de nós passa despercebido de nossa consciência?

Sei muito pouco sobre tudo isso, mas posso relatar o que sinto através de minhas próprias experiências pessoais. As questões da alma não funcionam como nossos aspectos físicos. Não podemos aplicar os mesmos parâmetros, proporções ou conceitos. Muito do que aprendemos precisa ser desaprendido. Há muito que se desconstruir. A alma não consegue ser forçada, enquadrada ou moldada. Acredito que possivelmente não se aplicam as mesmas leis, nem as mesmas concepções de certo e errado. Pensando em minhas próprias experiências, penso que muitas vezes o que escondemos aparece, o que reprimimos escapa. Não há nada que possa ser escondido ou ignorado, pois cada coisa precisa do seu lugar. E cada conflito pede por sua resolução.

Acredito ainda que muitas vezes o nosso consciente pede exatamente pelo oposto de nossa alma. Fiquei pensando então como poderia minha alma estar pedindo por algo que eu não quero. Acredito que a alma pede pela resolução do conflito, mesmo que isso signifique atrair o conflito em si. E talvez por isso nos vemos repetidas vezes na mesma situação que tanto tentamos evitar. Não acredito que essa seja a única forma, mas talvez foi a única encontrada naquele momento.

E quando por fim o conflito emerge e consegue se apresentar em nosso mundo consciente, presos em nossa consciência material relutamos, estagnamos, travamos e encontramos culpados. Não nos damos a oportunidade de extrair daquela experiência tudo o que precisamos para nosso crescimento individual. Não nos deixamos curar. Não estabelecemos a ligação entre as diversas faces do nosso eu. Não confiamos em nós mesmos. E o conflito aparece, repetidamente, se mostrando de diversas formas, gritando por uma resolução.

Através desses pensamentos,  percebi a necessidade constante de me conectar comigo mesma, de entender meus anseios e conflitos, de procurar tratá-los em meu eu interior. Encontrá-los e curá-los de dentro para fora e não de fora para dentro. Percebi a necessidade de conectar-me à minha alma, de tentar ver as coisas que tanto procuro evitar sobre a perspectiva dela. Algumas coisas simplesmente deixaram de ter tanta importância quando as coloquei no âmbito espiritual.

Que universo infinito de coisas temos para aprender sobre os demais mundos? Quantas de nossas consciências permanecem ocultas de nós mesmos?

Então entendi que nossa porta de comunicação com Deus está sim sempre aberta. E, para mim, ela é um caminho para dentro. Acredito que, quando encontrar a verdadeira sintonia, o que há de vir pela frente já não será motivo de preocupação, pois é um caminho de consciência e entrega, onde o melhor poderá emergir de cada experiência e desafio.

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