Pelo direito de não estar pronta

Eu sempre me orgulhei por fazer coisas que não eram da minha idade. Pela minha coragem. Nos parques, eu acompanhava meus irmãos mais velhos nos brinquedos perigosos, descia nos tobogãs altos, passeava pelas casas do terror e gritava nas montanhas-russas. Lembro muito bem da minha mãe dizendo que eles me incentivavam, me levavam para a frente.

Com o passar dos anos meus irmãos sempre fizeram as coisas antes de mim. Seis e sete anos de diferença são muita coisa. Às vezes eu ainda tentava acompanha-los. Participei da banda do meu irmão, jogava RPG e gostava de ficar com seus amigos, ainda que um pouco fora do grupo.
Por fim, eu fui para a faculdade, cheia de sonhos e ideias na cabeça. A vida e a realidade me deram alguns solavancos e cá estou.

Acho que eu continuei sempre a me cobrar essa força de vontade, esse andar pra frente, nunca parar, buscar algo novo. Sempre me cobrei fazer o que é melhor, custe o que custar. Cortar as amarras e encontrar força.

Fato é que não existe muita diferença entre uma corrida desembestada e uma fuga. Chega um ponto em que a ansiedade se torna insuportável e nada parece suficiente.


E é por isso que a partir de hoje me dou o direito de não estar pronta. Afinal, não sabemos nada dessa vida e o mais certo parece ser viver.

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